31 julho 2011

A Aventura do Papagaio “Diura”
O coronel Né Rosendo era o mais opulento fazendeiro de Porteiras. Senhor de muitas terras, era acatado por seu pacifismo e mansidão. Tanto é que se cantava nos pés de serra de Porteiras:
“No pé da serra
Todo mundo paga renda;
Só não paga Né Rosendo,
Que é o dono da fazenda!”
Chefe político do antigo PSD era getulista e dono de muitos votos por favores prestados. Tendo cerca de 100 moradores, viajava-se do seu engenho, no sítio Saco, até a fazenda Mandacarú somente sobre terras suas!
Certo dia, Né Rosendo marcou o dia da sua descida para o sertão. Era janeiro de 1942. Inverno copioso, muito pasto, riachos cantantes, gado gordo, 100 vacas paridas no curral. E eu vivia como príncipe do meio de tudo isto. Na semana da viagem foi aquela azáfama de todos, preparando a alegre comitiva.
No dia marcado, saímos todos do sítio Saco às 7 horas da manhã. À frente dos cargueiros ia o velho Antônio Farosa, comandando um pelotão de 15 burros com cargas.
O coronel Né Rosendo, no seu burro “Automóvel”, ia à frente do cortejo, sempre acatado por todos.
No meio dos burros com cargas estava o burro “Paquete”, aquele mesmo que carregava as minhas malotas para o colégio em Crato. No meio da sua carga de malas de couro, ia o papagaio “Diura”, inquieto e falador.
Tudo decorria em paz, mas ao chegarmos a romântica fazenda Mandacarú, notou-se, de logo, a falta de “Diura”. Foi um Deus nos acuda! O que teria acontecido? Conjecturas foram lançadas. Cada um dava a sua opinião. Foi ai que o coronel Né Rosendo mandou dois rapazes a cavalo percorrerem o caminho inverso da comitiva. Na saída, ouvi quando ele disse: “Vão sempre conversando que ele vai responder de onde estiver”.
Assim foi feito e nós ficamos na torcida por um final feliz daquela novela.
Os rapazes saíram e nos altos da fazenda canoas, há légua e meia da nossa fazenda, ao passarem por baixo de um umbuzeiro, ouviram o papagaio gritar: “Diura”, ...Diura”, ... . Assim, quando a noite ia chegando, o pessoal todo se alvoroçou com a chegada dos dois portadores trazendo “Diura” no dedo. Foi uma alegria!
A vida rural tem os seus encantos!
Barbalha, 16.7.2.11. Napoleão Tavares Neves
(assinado em baixo)

A Aventura do Papagaio “Diura”
O coronel Né Rosendo era o mais opulento fazendeiro de Porteiras. Senhor de muitas terras, era acatado por seu pacifismo e mansidão. Tanto é que se cantava nos pés de serra de Porteiras:
“No pé da serra
Todo mundo paga renda;
Só não paga Né Rosendo,
Que é o dono da fazenda!”
Chefe político do antigo PSD era getulista e dono de muitos votos por favores prestados. Tendo cerca de 100 moradores, viajava-se do seu engenho, no sítio Saco, até a fazenda Mandacarú somente sobre terras suas!
Certo dia, Né Rosendo marcou o dia da sua descida para o sertão. Era janeiro de 1942. Inverno copioso, muito pasto, riachos cantantes, gado gordo, 100 vacas paridas no curral. E eu vivia como príncipe do meio de tudo isto. Na semana da viagem foi aquela azáfama de todos, preparando a alegre comitiva.
No dia marcado, saímos todos do sítio Saco às 7 horas da manhã. À frente dos cargueiros ia o velho Antônio Farosa, comandando um pelotão de 15 burros com cargas.
O coronel Né Rosendo, no seu burro “Automóvel”, ia à frente do cortejo, sempre acatado por todos.
No meio dos burros com cargas estava o burro “Paquete”, aquele mesmo que carregava as minhas malotas para o colégio em Crato. No meio da sua carga de malas de couro, ia o papagaio “Diura”, inquieto e falador.
Tudo decorria em paz, mas ao chegarmos a romântica fazenda Mandacarú, notou-se, de logo, a falta de “Diura”. Foi um Deus nos acuda! O que teria acontecido? Conjecturas foram lançadas. Cada um dava a sua opinião. Foi ai que o coronel Né Rosendo mandou dois rapazes a cavalo percorrerem o caminho inverso da comitiva. Na saída, ouvi quando ele disse: “Vão sempre conversando que ele vai responder de onde estiver”.
Assim foi feito e nós ficamos na torcida por um final feliz daquela novela.
Os rapazes saíram e nos altos da fazenda canoas, há légua e meia da nossa fazenda, ao passarem por baixo de um umbuzeiro, ouviram o papagaio gritar: “Diura”, ...Diura”, ... . Assim, quando a noite ia chegando, o pessoal todo se alvoroçou com a chegada dos dois portadores trazendo “Diura” no dedo. Foi uma alegria!
A vida rural tem os seus encantos!
Barbalha, 16.7.2.11. Napoleão Tavares Neves
(assinado em baixo)

27 julho 2011

Vida e lembranças
Certa vez, conversando com Lucíola, ouvi a sua história. Quando criança, ela era feliz morando naquele lugar, longe da cidade e perto da natureza. Havia árvores, flores, pássaros e família. A vida era muito tranquila. Ela brincava com sua boneca, que era feita de sabugo de milho.
Sua família era pobre, mas vivia bem, tinham uma casa pra morar. Seus pais plantavam roças e havia alimento para toda família. Como ela dizia, “eramos pobres de dinheiro, mas havia fartura na mesa”.
Lucíola era apegada a sua boneca, com a qual brincava muito e exercitava a sua imaginação e criatividade. Ela contou-me que um dia seus pais se mudaram para a cidade. Ela não queria ir, e no momento da partida ela teve a última visão da sua boneca sob a árvore onde ela havia brincado um pouco mais cedo naquela triste tarde. A “casinha” que ela havia construído com a sua imaginação e algumas pedrinhas, ainda estava lá.
Vi os olhos marejados daquela mulher de quase setenta anos, relembrando da sua boneca e de um momento dramático da sua vida. Ela falou-me que naquele dia, junto com a sua boneca, ficou também a sua alma e a partir dali, ela passou a trazer uma tristeza dentro de si, que muitas vezes, a fez chorar sem motivo aparente, mas que só ela sabia, era a falta da sua alma, que havia ficado embaixo de uma árvore, junto da casinha e da boneca de sabugo de milho, naquele lugar de muitas plantas,  pássaros e  roças, que ela tanto amava.
Leonardo Bezerra
Vida e lembranças
Certa vez, conversando com Lucíola, ouvi a sua história. Quando criança, ela era feliz morando naquele lugar, longe da cidade e perto da natureza. Havia árvores, flores, pássaros e família. A vida era muito tranquila. Ela brincava com sua boneca, que era feita de sabugo de milho.
Sua família era pobre, mas vivia bem, tinham uma casa pra morar. Seus pais plantavam roças e havia alimento para toda família. Como ela dizia, “eramos pobres de dinheiro, mas havia fartura na mesa”.
Lucíola era apegada a sua boneca, com a qual brincava muito e exercitava a sua imaginação e criatividade. Ela contou-me que um dia seus pais se mudaram para a cidade. Ela não queria ir, e no momento da partida ela teve a última visão da sua boneca sob a árvore onde ela havia brincado um pouco mais cedo naquela triste tarde. A “casinha” que ela havia construído com a sua imaginação e algumas pedrinhas, ainda estava lá.
Vi os olhos marejados daquela mulher de quase setenta anos, relembrando da sua boneca e de um momento dramático da sua vida. Ela falou-me que naquele dia, junto com a sua boneca, ficou também a sua alma e a partir dali, ela passou a trazer uma tristeza dentro de si, que muitas vezes, a fez chorar sem motivo aparente, mas que só ela sabia, era a falta da sua alma, que havia ficado embaixo de uma árvore, junto da casinha e da boneca de sabugo de milho, naquele lugar de muitas plantas,  pássaros e  roças, que ela tanto amava.
Leonardo Bezerra

24 julho 2011

MINHAS 50 PRIMAVERAS.

Se tu tá preocupada,
Com a idade avançada
Porque chegou aos 50!!

Me ouça com atenção,
Lhe digo de coração
Com amor e com requinte:
50 já num é 20,
Mas também não é 90.

Se for pra subir ladeira,
Disparar na buraqueira,
Pegar cobra e dar um nó!!!
Ouça bem e não se perca,
Veja que é coisa certa,
Passar a noite na festa,
Aos 50 já não presta,
Com 20 ano é mió.

Mas, se é pra criar menino,
Cuidar do nosso destino,
Seguir o rumo da venta!!
Fazer as coisas com calma,
Cuidar do corpo e da alma,
Vou lhe dizer o seguinte:
Em vez da faixa dos 20,
Eu prefiro a dos 50.

Mas pra fechar o assunto,
Eu afirmo, não pergunto,
Que com toda juventude!!
Já dizia “Seu Vicente”
Home bom, inteligente,
Veja só que interessante,
De tudo o mais importante,
“ É QUE NÓS TENHA SAÚDE”.
Natal 04 de agosto de 2000
Autor : EMANUEL BEZERRA DE BRITO.
MINHAS 50 PRIMAVERAS.

Se tu tá preocupada,
Com a idade avançada
Porque chegou aos 50!!

Me ouça com atenção,
Lhe digo de coração
Com amor e com requinte:
50 já num é 20,
Mas também não é 90.

Se for pra subir ladeira,
Disparar na buraqueira,
Pegar cobra e dar um nó!!!
Ouça bem e não se perca,
Veja que é coisa certa,
Passar a noite na festa,
Aos 50 já não presta,
Com 20 ano é mió.

Mas, se é pra criar menino,
Cuidar do nosso destino,
Seguir o rumo da venta!!
Fazer as coisas com calma,
Cuidar do corpo e da alma,
Vou lhe dizer o seguinte:
Em vez da faixa dos 20,
Eu prefiro a dos 50.

Mas pra fechar o assunto,
Eu afirmo, não pergunto,
Que com toda juventude!!
Já dizia “Seu Vicente”
Home bom, inteligente,
Veja só que interessante,
De tudo o mais importante,
“ É QUE NÓS TENHA SAÚDE”.
Natal 04 de agosto de 2000
Autor : EMANUEL BEZERRA DE BRITO.

22 julho 2011

Estórias de Seu Deusim e Outros

ENTREVISTA PARA EMPREGO.

Dois amigos esperaram pacientemente ser chamados para a entrevista. Finalmente, chamaram o primeiro.
- Qual a sua experiência? Em que áreas o Senhor já trabalhou?
- Servente de pedreiro.
- Somente? Nenhuma outra?
- Não senhor, só trabalhei como servente de pedreiro.
- Infelizmente não podemos contratá-lo. Precisamos de gente que possa trabalhar em diferentes áreas.
Entrou o segundo.
- Qual a sua experiência? Em que áreas o Senhor já trabalhou?
- Tirando servente de pedreiro, o resto eu faço.

Estórias de Seu Deusim e Outros

ENTREVISTA PARA EMPREGO.

Dois amigos esperaram pacientemente ser chamados para a entrevista. Finalmente, chamaram o primeiro.
- Qual a sua experiência? Em que áreas o Senhor já trabalhou?
- Servente de pedreiro.
- Somente? Nenhuma outra?
- Não senhor, só trabalhei como servente de pedreiro.
- Infelizmente não podemos contratá-lo. Precisamos de gente que possa trabalhar em diferentes áreas.
Entrou o segundo.
- Qual a sua experiência? Em que áreas o Senhor já trabalhou?
- Tirando servente de pedreiro, o resto eu faço.

21 julho 2011

O bafômetro químico

Por ocasião de uma visita à Fazenda do Coronel no Cristalino, o Zé-Ronaldo, o Zermano, eu e o primo Napoleão trocávamos algumas idéias regadas com uma boa pinga do cariri e de repente o caseiro José lançou a seguinte pergunta: “Coronel, o que é o bafômetro químico”?
“Bem, José, eu acho que aqui no Cristalino você nem precisa se preocupar com bafômetro, mas em todo caso vou lhe explicar: bafômetro é um equipamento utilizado por policiais para verificar o nível de álcool etílico (etanol) presente no ar exalado dos pulmões de motoristas. O teste com o bafômetro químico é baseado na mudança de cor que ocorre devido à reação do álcool com um reagente específico, mas dessa reação quem entende é o Mano”.
“Então você pode me explicar como funciona essa máquina”? Novamente intervém o caseiro José.
Bem José, existe no bafômetro um recipiente com uma solução aquosa concentrada de dicromato de potássio (que é alaranjado) misturado com ácido sulfúrico e se existir álcool etílico no ar exalado dos pulmões de motoristas, o bafômetro muda de cor, de alaranjado para tons de verde, pois ocorre a oxidação do etanol e redução do Cr6+, produzindo ácido acético e sulfato de Cr3+.
Nesse instante o Zermano interveio e disse, “Dr. Manim, vamos esmiuçar essa questão: explique no papel a reação que ocorre no bafômetro, para um teste positivo de etanol no sangue”. Eu concordei, mas enquanto o Zé-Ronaldo providenciava papel e caneta, o Napoleão se adiantou com as seguintes informações sobre os índices de etanol no sangue e respectivos sintomas:
Etanol no sangue (gramas/litro)
Sintomas
0,1 a 0,5
Nenhuma influência aparente.
0,3 a 1,2
Perda de eficiência, diminuição da  atenção, de julgamento e de controle.
0,9 a 2,5
Instabilidade das emoções e falta de coordenação muscular. Menor inibição e perda do julgamento crítico.
1,8 a 3,0
Vertigens, desequilíbrio, dificuldade na fala e distúrbios da sensação.
2,7 a 4,0
Apatia e inércia geral. Vômitos, incontinência urinária e fezes.
3,5 a 5,0
Inconsciência, anestesia. 
Acima de 5
Parada respiratória e
Morte






O Zé-Ronaldo retornou da sua camionete cabine-dupla e além de papel e caneta trouxe também um bafômetro descartável, fez o teste no José e mostrou o resultado para nós: o bafômetro estava verde intenso o que acusava elevado índice alcoólico no sangue do caseiro! Mas tudo bem, não havia problemas e o Zermano acompanhou a minha explicação, pois a essa altura eu também já estava “prá lá de Bagdá”. Zermano aqui está a equação para a reação química:

2K2Cr2O7 + 3CH3CH2OH + 8H2SO4→ 2Cr2(SO4)3 + 2K2SO4 + 3CH3COOH +11H2O     
 (alaranjado)                                                  (verde)  
        
E o Zermano concluiu: “veja bem José, na ausência de etanol não ocorreria a reação, a cor no bafômetro permaneceria alaranjada, mas na presença de álcool etílico ocorre a reação e o bafômetro se torna em tons de verde”.  
Marcos, 05/07/2011.
PS. Nem eu nem o Napoleão tomamos pinga! 
O bafômetro químico

Por ocasião de uma visita à Fazenda do Coronel no Cristalino, o Zé-Ronaldo, o Zermano, eu e o primo Napoleão trocávamos algumas idéias regadas com uma boa pinga do cariri e de repente o caseiro José lançou a seguinte pergunta: “Coronel, o que é o bafômetro químico”?
“Bem, José, eu acho que aqui no Cristalino você nem precisa se preocupar com bafômetro, mas em todo caso vou lhe explicar: bafômetro é um equipamento utilizado por policiais para verificar o nível de álcool etílico (etanol) presente no ar exalado dos pulmões de motoristas. O teste com o bafômetro químico é baseado na mudança de cor que ocorre devido à reação do álcool com um reagente específico, mas dessa reação quem entende é o Mano”.
“Então você pode me explicar como funciona essa máquina”? Novamente intervém o caseiro José.
Bem José, existe no bafômetro um recipiente com uma solução aquosa concentrada de dicromato de potássio (que é alaranjado) misturado com ácido sulfúrico e se existir álcool etílico no ar exalado dos pulmões de motoristas, o bafômetro muda de cor, de alaranjado para tons de verde, pois ocorre a oxidação do etanol e redução do Cr6+, produzindo ácido acético e sulfato de Cr3+.
Nesse instante o Zermano interveio e disse, “Dr. Manim, vamos esmiuçar essa questão: explique no papel a reação que ocorre no bafômetro, para um teste positivo de etanol no sangue”. Eu concordei, mas enquanto o Zé-Ronaldo providenciava papel e caneta, o Napoleão se adiantou com as seguintes informações sobre os índices de etanol no sangue e respectivos sintomas:
Etanol no sangue (gramas/litro)
Sintomas
0,1 a 0,5
Nenhuma influência aparente.
0,3 a 1,2
Perda de eficiência, diminuição da  atenção, de julgamento e de controle.
0,9 a 2,5
Instabilidade das emoções e falta de coordenação muscular. Menor inibição e perda do julgamento crítico.
1,8 a 3,0
Vertigens, desequilíbrio, dificuldade na fala e distúrbios da sensação.
2,7 a 4,0
Apatia e inércia geral. Vômitos, incontinência urinária e fezes.
3,5 a 5,0
Inconsciência, anestesia. 
Acima de 5
Parada respiratória e
Morte






O Zé-Ronaldo retornou da sua camionete cabine-dupla e além de papel e caneta trouxe também um bafômetro descartável, fez o teste no José e mostrou o resultado para nós: o bafômetro estava verde intenso o que acusava elevado índice alcoólico no sangue do caseiro! Mas tudo bem, não havia problemas e o Zermano acompanhou a minha explicação, pois a essa altura eu também já estava “prá lá de Bagdá”. Zermano aqui está a equação para a reação química:

2K2Cr2O7 + 3CH3CH2OH + 8H2SO4→ 2Cr2(SO4)3 + 2K2SO4 + 3CH3COOH +11H2O     
 (alaranjado)                                                  (verde)  
        
E o Zermano concluiu: “veja bem José, na ausência de etanol não ocorreria a reação, a cor no bafômetro permaneceria alaranjada, mas na presença de álcool etílico ocorre a reação e o bafômetro se torna em tons de verde”.  
Marcos, 05/07/2011.
PS. Nem eu nem o Napoleão tomamos pinga! 

20 julho 2011

Histórias do Juazeiro antigo
DR. Floro Bartolomeu da Costa foi um médico baiano, certamente aventureiro que chegou ao Cariri em 1909, a pretexto de conhecer e explorar as minas de cobre de Cocha, de propriedade do Padre Cícero no município de Aurora ainda aqui no Cariri, trazendo um agrimensor francês de nome Conde Van Den Brule, tão aventureiro quanto ele. Gostaram do ambiente, preencheram lacunas até então impreenchíveis no Juazeiro, deram-se bem e daqui só saíram com a morte. DR. Floro logo se tornou o mentor político do Padre Cícero falecendo como Deputado federal pelo Ceará. Era um homem forte, de másculas atitudes, certamente um mal necessário a Juazeiro daquele tempo. Qualquer falha grave ele gritava o seu quase carimbo: "levem pra rodagem", o que significava execução pura e simples, no trabalho da rodagem que se fazia para Crato. Tinha ele grande prestígio no governo federal, de tal forma que a minha tese é esta: DR. Floro era um olheiro das forças armadas para que Juazeiro não fosse um novo Canudos. Só assim se explica o trânsito livre nas altas esferas do poder central, a ponto de trazer dois mil fuzis ainda encaixotados para armar o grupo de Lampião, mostrando que a política tudo pode. Já o Conde aventureiro que o acompanhava tornou-se o agrimensor oficial do Padre Cícero.
Em 1926, o governo Artur Bernardes estava muito frágil e a ala jovem do exercito queria derrubá-lo, formando-se a Coluna Prestes que  a cavalo e a pé chegou até o Nordeste. O poder central encarregou o DR. Floro de barrar a marcha dos revoltosos no Cariri. DR. Floro argumentou que somente Lampião poderia fazê-lo, por saber técnicas de guerrilha. DR. Floro convidou Lampião a vir a Juazeiro incorporar-se aos Batalhões Patrióticos para barrar a Coluna Prestes. Fez convite a Lampião em nome do Padre Cícero, sabendo que todo sertanejo o tinha como santo. Era somente esse o relacionamento dos dois. Só se conheceram em 1926 aqui em Juazeiro.
  Napoleão Tavares Neves, 27/06/2011.
(Assinado em baixo)
Histórias do Juazeiro antigo
DR. Floro Bartolomeu da Costa foi um médico baiano, certamente aventureiro que chegou ao Cariri em 1909, a pretexto de conhecer e explorar as minas de cobre de Cocha, de propriedade do Padre Cícero no município de Aurora ainda aqui no Cariri, trazendo um agrimensor francês de nome Conde Van Den Brule, tão aventureiro quanto ele. Gostaram do ambiente, preencheram lacunas até então impreenchíveis no Juazeiro, deram-se bem e daqui só saíram com a morte. DR. Floro logo se tornou o mentor político do Padre Cícero falecendo como Deputado federal pelo Ceará. Era um homem forte, de másculas atitudes, certamente um mal necessário a Juazeiro daquele tempo. Qualquer falha grave ele gritava o seu quase carimbo: "levem pra rodagem", o que significava execução pura e simples, no trabalho da rodagem que se fazia para Crato. Tinha ele grande prestígio no governo federal, de tal forma que a minha tese é esta: DR. Floro era um olheiro das forças armadas para que Juazeiro não fosse um novo Canudos. Só assim se explica o trânsito livre nas altas esferas do poder central, a ponto de trazer dois mil fuzis ainda encaixotados para armar o grupo de Lampião, mostrando que a política tudo pode. Já o Conde aventureiro que o acompanhava tornou-se o agrimensor oficial do Padre Cícero.
Em 1926, o governo Artur Bernardes estava muito frágil e a ala jovem do exercito queria derrubá-lo, formando-se a Coluna Prestes que  a cavalo e a pé chegou até o Nordeste. O poder central encarregou o DR. Floro de barrar a marcha dos revoltosos no Cariri. DR. Floro argumentou que somente Lampião poderia fazê-lo, por saber técnicas de guerrilha. DR. Floro convidou Lampião a vir a Juazeiro incorporar-se aos Batalhões Patrióticos para barrar a Coluna Prestes. Fez convite a Lampião em nome do Padre Cícero, sabendo que todo sertanejo o tinha como santo. Era somente esse o relacionamento dos dois. Só se conheceram em 1926 aqui em Juazeiro.
  Napoleão Tavares Neves, 27/06/2011.
(Assinado em baixo)

18 julho 2011


PADRES E CICLISTAS


Haviam-lhe dito que todos os alunos teriam seu apartamento e, nele, uma bicicleta para uso individual e privativo. E ele acreditou. Um mês depois estava interno e os sonhos começavam a caminhar para a realidade: o da mãe, de ter um filho padre; o dele, de ter uma bicicleta egoisticamente sua, só sua. À noite, dormitório coletivo e, dia seguinte, nenhuma bicicleta. Rezas, missas, orações, estudos. Nos sábados jogava bola e depois da Ave-Maria e do café das seis e meia, tinha ao seu dispor uma mesa de pingue-pongue, até a hora de dormir. Num domingo, depois das rezas, missas, orações e estudos vibrou com o gol de Amarildo contra a Espanha, abrindo o caminho para o bi. Quase não deu para ouvir, mais ruídos que gritos de gol no radinho do salão de jogos. Alegria maior porque o bedel era espanhol. Nos corredores, apenas Padres e Seminaristas. Hoje, nos fins-de-semana, passeia de bicicleta com a mulher e os três filhos. Faltou-lhe vocação para o sacerdócio. Sobrou-lhe o amor pelo ciclismo.


PADRES E CICLISTAS


Haviam-lhe dito que todos os alunos teriam seu apartamento e, nele, uma bicicleta para uso individual e privativo. E ele acreditou. Um mês depois estava interno e os sonhos começavam a caminhar para a realidade: o da mãe, de ter um filho padre; o dele, de ter uma bicicleta egoisticamente sua, só sua. À noite, dormitório coletivo e, dia seguinte, nenhuma bicicleta. Rezas, missas, orações, estudos. Nos sábados jogava bola e depois da Ave-Maria e do café das seis e meia, tinha ao seu dispor uma mesa de pingue-pongue, até a hora de dormir. Num domingo, depois das rezas, missas, orações e estudos vibrou com o gol de Amarildo contra a Espanha, abrindo o caminho para o bi. Quase não deu para ouvir, mais ruídos que gritos de gol no radinho do salão de jogos. Alegria maior porque o bedel era espanhol. Nos corredores, apenas Padres e Seminaristas. Hoje, nos fins-de-semana, passeia de bicicleta com a mulher e os três filhos. Faltou-lhe vocação para o sacerdócio. Sobrou-lhe o amor pelo ciclismo.

15 julho 2011

Estórias de Seu Deusim e Outros

PEDIDO DE AJUDA.
 - Seu vigário me dê uma ajuda. Lá em casa a situação está muito ruim. Meu marido está acamado já faz mais de um ano e não temos dinheiro nem para a comida.
- Mas Senhora, se o seu marido está acamado há mais de um ano, como é que a senhora está grávida e com uma barriga tão grande?
- Ah! Isso aqui foi uma miorinha que ele teve.

Estórias de Seu Deusim e Outros

PEDIDO DE AJUDA.
 - Seu vigário me dê uma ajuda. Lá em casa a situação está muito ruim. Meu marido está acamado já faz mais de um ano e não temos dinheiro nem para a comida.
- Mas Senhora, se o seu marido está acamado há mais de um ano, como é que a senhora está grávida e com uma barriga tão grande?
- Ah! Isso aqui foi uma miorinha que ele teve.

13 julho 2011


Era 1942. Eu tinha 12 anos e me realizava campeando gado com os nossos vaqueiros no topo da Chapada do Araripe, do Saco, onde meu avô tinha 800 reses soltas no larga da serra e meu pai 300 reses! Quatro bons vaqueiros bem montados e arreados cuidavam do gado. Eu sempre os acompanhava no meu cavalo “Roxo”.
Um belo dia de sábado, descemos para o João Vieira levando 200 reses para soltar no sertão. Meu pai na guia da manada, eu no coice e de cada lado dois vaqueiros: José Félix, José Isidio, José Raimundo e José Gabriel que só viviam desta profissão e sorteavam bezerros de 4 um, isto é: de cada 4 bezerros nascidos, um era do vaqueiro, mais rendosa atividade de uma fazenda à época. Pois bem, a viagem ia serena e animada, com o tilintar dos chocalhos, o aboio dos vaqueiros e o berro dos bezerros! Uma animação danada! Ao atingirmos o lambedouro doMulungu onde o gado parava espontaneamente para lamber a terra salgada do lambedouro, satisfazendo às suas carências de sais minerais, um touro mestiço, dono exclusivo do pedaço, inopinadamente, esturra, com as patas cava o chão e retorce as moitas com os chifres. Toda a manada o imita com igual fúria! Paramos todos! O vaqueiro José Félix, sempre muito místico, tira o seu chapéu de couro e o coloca no peito! O silêncio humano é total! A algazarra do gado é contagiante e o seuurro langoroso é nostálgico.
Depois de alguns minutos, o touro toma a dianteira da manada que o acompanha na direção do João Vieira. Só aí descobrimos a causa de tudo aquilo: era o esqueleto recente de uma rês que morreu ali no Lambedouro do Mulungu!
Fiquei estático diante da grandeza daquele espetáculo natural! Pena que não houvesse na época gravador para captar a grandeza até musical do “choro do gado”. Sinceramente, nunca ouvi humanos chorarem tão
convulsivamente os seus mortos. Sim, a natureza tem das suas!
Barbalha, 03/07/2011
Napoleão Tavares Neves
(Assinado em baixo).

Era 1942. Eu tinha 12 anos e me realizava campeando gado com os nossos vaqueiros no topo da Chapada do Araripe, do Saco, onde meu avô tinha 800 reses soltas no larga da serra e meu pai 300 reses! Quatro bons vaqueiros bem montados e arreados cuidavam do gado. Eu sempre os acompanhava no meu cavalo “Roxo”.
Um belo dia de sábado, descemos para o João Vieira levando 200 reses para soltar no sertão. Meu pai na guia da manada, eu no coice e de cada lado dois vaqueiros: José Félix, José Isidio, José Raimundo e José Gabriel que só viviam desta profissão e sorteavam bezerros de 4 um, isto é: de cada 4 bezerros nascidos, um era do vaqueiro, mais rendosa atividade de uma fazenda à época. Pois bem, a viagem ia serena e animada, com o tilintar dos chocalhos, o aboio dos vaqueiros e o berro dos bezerros! Uma animação danada! Ao atingirmos o lambedouro doMulungu onde o gado parava espontaneamente para lamber a terra salgada do lambedouro, satisfazendo às suas carências de sais minerais, um touro mestiço, dono exclusivo do pedaço, inopinadamente, esturra, com as patas cava o chão e retorce as moitas com os chifres. Toda a manada o imita com igual fúria! Paramos todos! O vaqueiro José Félix, sempre muito místico, tira o seu chapéu de couro e o coloca no peito! O silêncio humano é total! A algazarra do gado é contagiante e o seuurro langoroso é nostálgico.
Depois de alguns minutos, o touro toma a dianteira da manada que o acompanha na direção do João Vieira. Só aí descobrimos a causa de tudo aquilo: era o esqueleto recente de uma rês que morreu ali no Lambedouro do Mulungu!
Fiquei estático diante da grandeza daquele espetáculo natural! Pena que não houvesse na época gravador para captar a grandeza até musical do “choro do gado”. Sinceramente, nunca ouvi humanos chorarem tão
convulsivamente os seus mortos. Sim, a natureza tem das suas!
Barbalha, 03/07/2011
Napoleão Tavares Neves
(Assinado em baixo).

11 julho 2011

Eloi Teles de Morais,  foi apresentador do programa Coisas do Meu Sertão, especializado em poesia matuta e veiculado diariamente, por mais de 30 anos, na rádio Araripe e, depois, na Rádio Educadora do Cariri na cidade do Crato Ceará. Neste video ele declama um poema de  Luciano Carneiro


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Enviado por Leonardo
Eloi Teles de Morais,  foi apresentador do programa Coisas do Meu Sertão, especializado em poesia matuta e veiculado diariamente, por mais de 30 anos, na rádio Araripe e, depois, na Rádio Educadora do Cariri na cidade do Crato Ceará. Neste video ele declama um poema de  Luciano Carneiro


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Enviado por Leonardo

Conversas na Barbearia

Basicamente, de 3 em 3 meses, eu corto o cabelo, às vezes em casa e as vezes na barbearia. Hoje, após o almoço, me lembrei de cortar o cabelo, pois já me sentia estranho, mas não tenho barbeiro fixo, isto é, entro em uma barbearia e me sento na primeira cadeira disponível, mas se tiver fila deixo para depois! O assunto hoje era o eclipse da lua e o barbeiro querendo puxar conversa me lembrou do eclipse e eu  respondi: o Chile está perdendo massa e exportando cinzas até para a Islândia e acrescentei: a lua está se afastando de nós, cerca de 2,6 cm por ano e isso levará, a muito longo prazo, a terra a flutuar no universo o que afetará o clima em nosso planeta. Portanto, a lua atua de modo a nos manter girando em volta do sol, mas um dia nos perderemos no universo! O barbeiro disse: é mesmo? Eu respondi: sim, mas não precisa se preocupar, os poetas continuarão compondo, o ciclo das marés e o nosso clima continuarão os mesmos, a não ser que o homem apresse o processo! O assunto mudou para futebol, o cabelo foi cortado, eu paguei a conta e sai anônimo.
Marcos

Conversas na Barbearia

Basicamente, de 3 em 3 meses, eu corto o cabelo, às vezes em casa e as vezes na barbearia. Hoje, após o almoço, me lembrei de cortar o cabelo, pois já me sentia estranho, mas não tenho barbeiro fixo, isto é, entro em uma barbearia e me sento na primeira cadeira disponível, mas se tiver fila deixo para depois! O assunto hoje era o eclipse da lua e o barbeiro querendo puxar conversa me lembrou do eclipse e eu  respondi: o Chile está perdendo massa e exportando cinzas até para a Islândia e acrescentei: a lua está se afastando de nós, cerca de 2,6 cm por ano e isso levará, a muito longo prazo, a terra a flutuar no universo o que afetará o clima em nosso planeta. Portanto, a lua atua de modo a nos manter girando em volta do sol, mas um dia nos perderemos no universo! O barbeiro disse: é mesmo? Eu respondi: sim, mas não precisa se preocupar, os poetas continuarão compondo, o ciclo das marés e o nosso clima continuarão os mesmos, a não ser que o homem apresse o processo! O assunto mudou para futebol, o cabelo foi cortado, eu paguei a conta e sai anônimo.
Marcos