25 maio 2013



Zita e a travessia da Chapada do Araripe‏

Ana Pereira Neves, inicialmente Ana Pereira da Silva (vulga Donana do
Pajeú) enviava um neto, primo de Zita (mamãe), a cavalo puxando um
burro celado, para trazer a sua neta querida do Exú ao Jardim para ela
se juntar a família Neves durante as festas em cada final de ano. Mãe
Donana fazia questão de aproximar mamãe da família no Jardim e o único
jeito seria viajar a cavalo (ida e volta entre Exú e Jardim) e
enfrentar a travessia da Serra do Araripe. Chegado o dia da viagem
Badé preparava os alforjes com queijo, rapadura, farinha de mandioca e
galinha assada para a longa viagem. Nem era preciso levar água, pois
os viajantes costumavam descansar os animais para beberem em fontes de
água fresca na encosta da serra. Onde estariam as onças, as cobras e
os guarás? Certamente a vontade de chegar ao Sítio Belo Horizonte (na
ida) e a Fazenda União (no retorno) era tão grande, e a serra era tão
exuberante, que ela nem se importava com os perigos dessa aventura!

Mamãe, que era autorizada por vovô a andar a cavalo de calça comprida,
na descida da serra mudava as vestimentas para vestido comprido! De
fato, um dos tios no Jardim não admitia moça solteira (nem mulher
casada) vestir calça comprida e assim, ela chegava toda faceira no
Sítio Belo Horizonte de acordo com os costumes do lugar. Logo na
chegada ela era recebida por Cabocla que se apressava em dizer:
“coloque o presente para o natal atrás da porta” e assim era feito,
mas ainda cansada da viagem Mãe Donana queria saber das novidades e
Zita se sentia em casa... O tempo passava rápido até surgir o dia de
mamãe se vestir novamente a caráter (de vestido na saída do Jardim)
para chegar de calça comprida na Fazenda União. E esse ritual, que
somente foi revelado recentemente, se repetia a cada final de ano.

Marcos,

02 de abril de 2012.

Vida de Topógrafo- Aventuras em Terras Catarinenses

Continuação
 5.       A Novo Rumo Topografia na Enercan
Constatamos ao chegar, no final da tarde de uma sexta-feira, que na UHE Enercan não seria possível (devido a muitas pedras no leito do Rio Canoas) se utilizar o barco e assim, todo o trabalho em água foi realizado em um caiaque duplo para expedição. Por outro lado, as três turbinas estavam desligadas e a expectativa na sala de comando da empresa seria de ficarem sem gerar energia durante todo o final de semana. Tratamos de iniciar os trabalhos e ao entrar na água logo avistei uma grande carpa morta e ficamos por lá trabalhando até o anoitecer. Constatei, na escuridão da noite, a luz vermelha do Rubi LASER (Light Amplification by Stimulated Energy Radiation), que é formado por uma matriz de alumina (Al2O3) dopada com átomos de crômio e naquele momento retornei a minha postura científica, pois relembrei que o LASER foi previsto por A. Einstein (1906) e pela Mecânica Quântica (1926-1928), sendo desenvolvido e utilizado inicialmente pela NASA para medir a distância Terra-Lua e assim contribuiu para o sucesso do projeto Apolo. A radiação LASER, que é pulsada/monocromática, se constitui em uma evidência direta da estrutura discreta, ou seja, não contínua do átomo..., mas naquele momento o que importava era que o rubi laser estava sendo utilizado pelos competentes topógrafos da Novo Rumo Topografia.
Agora éramos três e o trabalho foi cansativo e perigoso, mas eu fui favorecido pelo longo estágio com os Mocós do Açude de Cedro, nos Monólitos de Quixadá/CE, isto é, aprendi a subir e a descer grandes pedras em segurança! No dia seguinte, bem cedo, estávamos de volta à Enercan e logo os meninos encontraram 27 mandis pintados, 37 vogas e muitos lambaris. Eu encontrei mais uma grande carpa morta e o Renê retornou ao hotel para colocar os peixes vivos no freezer. Trabalhamos naquele sábado até o escurecer e limpamos os peixes até a meia noite.    
Seguiu-se uma rotina (do nascer ao por do sol) por mais quatro dias de topografia convencional, Topo batimetria e Eco batimetria em caiaque, em que se passava todo o dia molhado (pelas águas do Canoas e pela chuva), mas terminamos aquela missão com total sucesso e na sexta-feira (21/12/2012) retornamos à Baesa para completar as medidas na parte de baixo da temida cachoeira! A expectativa era muito grande e a questão levantada foi “como proceder para se completar os dados em Barra Grande”?
6.     De volta à Barra Grande: a missão foi cumprida
A equipe da Novo Rumo Topografia (agora eu, Renê e Mateus) vislumbrou duas possibilidades para finalizar o trabalho na parte de baixo da cachoeira do Rio Pelotas, na UHE da Baesa: eu planejava descer a cachoeira com o barco vazio (os equipamentos seriam transportados pelos meninos, via pedras, até cerca de 50 metros após a cachoeira), desceria com o motor desligado, mas utilizando o leme para defender a embarcarão do confronto direto com as pedras e após se realizar as medidas, desceríamos o rio até Machadinho. Por outro lado, os rapazes planejavam o contrário, ou seja, subir o Rio Pelotas (via Machadinho), de barco e com todos os equipamentos à bordo, e depois se retornaria. Mas ambas as hipóteses teriam que ser avaliadas a partir de informações junto à direção dessa UHE.
Chegando à Barra Grande a Novo Rumo Topografia teve a autorização para trabalhar em água por apenas duas horas, com todas as turbinas e o vertedouro desligado, e assim procedemos.  Finalmente foi possível se medir de caiaque os últimos 400 metros que restavam para se cumprir a tarefa! Realizamos (eu e o Renê) Topo batimetria, em baixa correnteza e no final do tempo estabelecido o Mateus (na Estação total) nos avisou pelo rádio para abandonarmos a água. Conseguimos realizar as medidas (com 50 metros de sobra), mas tornou-se complicado retornar com o caiaque, pois a água subia rapidamente, ou seja, como as 3 turbinas foram ligadas o nível d’água subiu maus de 4m! O Mateus desmontou e guardou a Estação total e foi nos ajudar. Puxamos o caiaque, feito boi manso (o Renê na água, eu e o Mateus pelas pedras), com uma corda, contra a correnteza por cerca de 1300 metros até se chegar ao carro, mas, para a minha surpresa, os rapazes se interessaram por dois galhos secos (de Tarumã) e os levamos para a Montana!
Com a missão cumprida, retornamos à Capinzal, onde se encontram os dois tocos no jardim da casa/escritório da ME, pois representam troféus conquistados na Baesa e na Enercan.  Acredito mesmo que ambos os tocos representam a garra, a capacitação técnica dos jovens Agrimensores da Novo Rumo Topografia e também simbolizam a capacidade de resolverem problemas que surgem no percurso do trabalho e de cumprirem prazos, mesmo tendo que enfrentar grandes pedras e fortes corredeiras, pois aventuras são comuns na vida de topógrafos. 
Marcos,
01/01/2013.

01 maio 2013

Dia do Trabalho