31 julho 2011

A Aventura do Papagaio “Diura”
O coronel Né Rosendo era o mais opulento fazendeiro de Porteiras. Senhor de muitas terras, era acatado por seu pacifismo e mansidão. Tanto é que se cantava nos pés de serra de Porteiras:
“No pé da serra
Todo mundo paga renda;
Só não paga Né Rosendo,
Que é o dono da fazenda!”
Chefe político do antigo PSD era getulista e dono de muitos votos por favores prestados. Tendo cerca de 100 moradores, viajava-se do seu engenho, no sítio Saco, até a fazenda Mandacarú somente sobre terras suas!
Certo dia, Né Rosendo marcou o dia da sua descida para o sertão. Era janeiro de 1942. Inverno copioso, muito pasto, riachos cantantes, gado gordo, 100 vacas paridas no curral. E eu vivia como príncipe do meio de tudo isto. Na semana da viagem foi aquela azáfama de todos, preparando a alegre comitiva.
No dia marcado, saímos todos do sítio Saco às 7 horas da manhã. À frente dos cargueiros ia o velho Antônio Farosa, comandando um pelotão de 15 burros com cargas.
O coronel Né Rosendo, no seu burro “Automóvel”, ia à frente do cortejo, sempre acatado por todos.
No meio dos burros com cargas estava o burro “Paquete”, aquele mesmo que carregava as minhas malotas para o colégio em Crato. No meio da sua carga de malas de couro, ia o papagaio “Diura”, inquieto e falador.
Tudo decorria em paz, mas ao chegarmos a romântica fazenda Mandacarú, notou-se, de logo, a falta de “Diura”. Foi um Deus nos acuda! O que teria acontecido? Conjecturas foram lançadas. Cada um dava a sua opinião. Foi ai que o coronel Né Rosendo mandou dois rapazes a cavalo percorrerem o caminho inverso da comitiva. Na saída, ouvi quando ele disse: “Vão sempre conversando que ele vai responder de onde estiver”.
Assim foi feito e nós ficamos na torcida por um final feliz daquela novela.
Os rapazes saíram e nos altos da fazenda canoas, há légua e meia da nossa fazenda, ao passarem por baixo de um umbuzeiro, ouviram o papagaio gritar: “Diura”, ...Diura”, ... . Assim, quando a noite ia chegando, o pessoal todo se alvoroçou com a chegada dos dois portadores trazendo “Diura” no dedo. Foi uma alegria!
A vida rural tem os seus encantos!
Barbalha, 16.7.2.11. Napoleão Tavares Neves
(assinado em baixo)

1 comentários:

Marcos disse...

Diura e o gavião desastrado.

Enquanto Diura tirava uma soneca, um Soim gritou forte: “toma cuidado papagaio, pois o gavião anda rondando o casarão do Saco!”
Foi uma sorte, pois Diura teve tempo de se proteger e escapou daquela investida do gavião malvado.

Enquanto isso, o parceiro do gavião pegou outro Soim descuidado, mas devido a pouca altitude um galo Bola de Ouro denunciou a presença do intruso, o Soim sortudo deu-lhe uma mordida e caiu no terreiro!

Assim, o casal de gavião desastrado saiu faminto e Diura falou bem alto: “hoje foi o dia da caça, mas eu ainda pego um filhote de gavião!” Assim é a vida no Saco e o Napoleão fica só observando!