Zita e a travessia da Chapada do Araripe
Ana Pereira Neves, inicialmente Ana Pereira da Silva (vulga Donana do
Pajeú) enviava um neto, primo de Zita (mamãe), a cavalo puxando um
burro celado, para trazer a sua neta querida do Exú ao Jardim para ela
se juntar a família Neves durante as festas em cada final de ano. Mãe
Donana fazia questão de aproximar mamãe da família no Jardim e o único
jeito seria viajar a cavalo (ida e volta entre Exú e Jardim) e
enfrentar a travessia da Serra do Araripe. Chegado o dia da viagem
Badé preparava os alforjes com queijo, rapadura, farinha de mandioca e
galinha assada para a longa viagem. Nem era preciso levar água, pois
os viajantes costumavam descansar os animais para beberem em fontes de
água fresca na encosta da serra. Onde estariam as onças, as cobras e
os guarás? Certamente a vontade de chegar ao Sítio Belo Horizonte (na
ida) e a Fazenda União (no retorno) era tão grande, e a serra era tão
exuberante, que ela nem se importava com os perigos dessa aventura!
Mamãe, que era autorizada por vovô a andar a cavalo de calça comprida,
na descida da serra mudava as vestimentas para vestido comprido! De
fato, um dos tios no Jardim não admitia moça solteira (nem mulher
casada) vestir calça comprida e assim, ela chegava toda faceira no
Sítio Belo Horizonte de acordo com os costumes do lugar. Logo na
chegada ela era recebida por Cabocla que se apressava em dizer:
“coloque o presente para o natal atrás da porta” e assim era feito,
mas ainda cansada da viagem Mãe Donana queria saber das novidades e
Zita se sentia em casa... O tempo passava rápido até surgir o dia de
mamãe se vestir novamente a caráter (de vestido na saída do Jardim)
para chegar de calça comprida na Fazenda União. E esse ritual, que
somente foi revelado recentemente, se repetia a cada final de ano.
Marcos,
02 de abril de 2012.
Pajeú) enviava um neto, primo de Zita (mamãe), a cavalo puxando um
burro celado, para trazer a sua neta querida do Exú ao Jardim para ela
se juntar a família Neves durante as festas em cada final de ano. Mãe
Donana fazia questão de aproximar mamãe da família no Jardim e o único
jeito seria viajar a cavalo (ida e volta entre Exú e Jardim) e
enfrentar a travessia da Serra do Araripe. Chegado o dia da viagem
Badé preparava os alforjes com queijo, rapadura, farinha de mandioca e
galinha assada para a longa viagem. Nem era preciso levar água, pois
os viajantes costumavam descansar os animais para beberem em fontes de
água fresca na encosta da serra. Onde estariam as onças, as cobras e
os guarás? Certamente a vontade de chegar ao Sítio Belo Horizonte (na
ida) e a Fazenda União (no retorno) era tão grande, e a serra era tão
exuberante, que ela nem se importava com os perigos dessa aventura!
Mamãe, que era autorizada por vovô a andar a cavalo de calça comprida,
na descida da serra mudava as vestimentas para vestido comprido! De
fato, um dos tios no Jardim não admitia moça solteira (nem mulher
casada) vestir calça comprida e assim, ela chegava toda faceira no
Sítio Belo Horizonte de acordo com os costumes do lugar. Logo na
chegada ela era recebida por Cabocla que se apressava em dizer:
“coloque o presente para o natal atrás da porta” e assim era feito,
mas ainda cansada da viagem Mãe Donana queria saber das novidades e
Zita se sentia em casa... O tempo passava rápido até surgir o dia de
mamãe se vestir novamente a caráter (de vestido na saída do Jardim)
para chegar de calça comprida na Fazenda União. E esse ritual, que
somente foi revelado recentemente, se repetia a cada final de ano.
Marcos,
02 de abril de 2012.
1 comentários:
Relendo a Travessia da Chapada do Araripe, realizada por mamãe em companhia de seu primo e em seguida relembrando a narrativa Vida de Topógrafos – Aventuras em Terras Catarinenses, vivenciadas por mim, em companhias do Mateus e do Renê, lembrei-me da verdade expressa nas palavras do Mestre Napoleão Tavares Neves: “... atitudes do presente tem programação genética...”.
Assim, podemos correlacionar as nossas atuais e instintivas andanças com a grande jornada humana, pois com origem comum na África a nossa espécie se espalhou pelo Planeta Terra, ou seja, nos parece que as grandes aventuras vividas pelos nossos antepassados se encontram latentes em um banco coletivo de memórias e/ou tem programação genética e por isso às vezes elas afloram naturalmente em nossas atitudes modernas.
Marcos
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