RAMIRO, O BELO
Ramiro era muito feio e todos os bonitões da cidade riam de sua feiúra. Descaradamente. Até os que também eram feios riam de sua feiúra, tão feia que era. Ele não se importava e seguia a vida, carregando bagagens na estação de trem, trabalhando como chapeado: era assim que se chamavam aqueles que transportavam malas, identificados por um número na chapa de bronze colada ao quepe: O dele era o 341. Um dia Ramiro ganhou de um viajante um espelho encantado que refletia a alma das pessoas que nele se olhassem. Ramiro olhou, viu-se e passou a rir da feiúra de todos os bonitões da cidade. Discretamente, sem que ninguém percebesse o seu riso. Como era feio aquele povo! Como era belo o Ramiro!
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