20 agosto 2011

Primeiro Dia De Moagem, No Saco, SEMPRE Uma Bela Farra!
Na semana que antecedia ao 10 dia de moagem no Saco era uma festa só. Um verdadeiro formigueiro humano, em agitação e atividade!
Mestre Procópio aparelhava as cangalhas dos 10 cambiteiros de cana, mestre Luiz consertava os tachos da fornalha, mestre Manoel Raimundo consertava a fornalha, Pedro frança, o Carreiro, encostava lenha da serra para a fornalha, Zequinha, maquinista, lubrificava o locomóvel, mestre Miguel Martins lubrificava e apontava o engenho e assim, cada um fazia a sua parte.
Na véspera do dia marcado, meu Pai marcava o partido de canas mais maduras para o corte de cana: 10 cortadores, com facão rabo de galo, iniciavam o corte da cana que era transportada para o engenho por 10 cambiteiros em 20 burros. O CAMBITEIRO É A ALMA DANADA DOS ENGENHOS!
No dia seguinte, por volta das 5 da manhã, Zequinha botava fogo no locomóvel e dava o apito inicial da moagem! Toda a redondeza já ficava sabendo que naquele dia havia garapa, rapadura, alfinim, cana doce, etc..
Logo ao primeiro apito chegavam:
Manoel Bem, mestre do ponto da rapadura,
João Nunes e Joaquim de Joana, caldeireiros,
Zé Galo, metedor de fogo na fornalha,
Duda e João Jorvino, caxeadores de rapadura,
Manoel Fraso, metedor de cana,
Manoel Bacamarte, tirador de bagaço verde,
Antônio Jacinto e Pedro Jacinto, carregadores do bagaço seco para o fogo da fornalha.
Era uma farra, com todos animados e cada um procurando fazer o melhor.
À tardinha, contava-se a rapadura, mais ou menos 20 cargas de 100 unidades. Esta labuta perdurava por 5 meses. No final 1.500 cargas de rapaduras. Cada trabalhador levava para casa; rapadura quente, garapa, mel de engenho.
A noite caia para, no dia seguinte tudo ser repetido.
Havia ainda o aguador das canas, em levada de barro trazendo água da nascente, para irrigar por gravidade o canavial.
Havia também dois operários que aceiravam os cortes de cana para a queima do palhiço.
No nosso engenho trabalhavam diariamente cerca de 40 operários.
Isto durante os 4 meses de seca.
Barbalha, 14.7.2.11. Napoleão Tavares Neves.
(assinado em baixo)

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