26 abril 2011

ESTRELAS E LUARES


Ficava na parte alta da cidade e tinha nome de mulher: Cristiane’s, assim mesmo, com apóstrofo e tudo. Lugar chique, o jantar era servido à sombra do céu e com a mesa salpicada de luares. Isto é o que me disseram, lá nunca fui. Até que passei pertinho, certa noite e vi o neon anunciando a casa, mas não fui. Era apenas um estudante e só em sonho poderia estar ali. Soube, tempos depois, que o restaurante fechou: o proprietário vendia ilusão e drogas. À chegada da Polícia, escondiam-se sob as mesas algumas estrelas brancas e um raio prateado de luar. Os lustres estavam apagados e as toalhas sujas de lagosta. Chovia.
Texto de Xico Bizerra

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