03 agosto 2010

Olá meus amigos estou voltando a publicar no nosso blog, depois da viagem que fiz a Floripa; desta vez com uma crônica do Xico Bizerra
A JANELA DA CASA DA FRENTE

Estava tão perto, bastava atravessar a rua onde morava meu avô. Do outro lado, ela e seu sorriso, à mesma distância. A vontade de ir até àquela janela do outro lado só era menor que a timidez que impedia seu atravessar. Coisa de adolescente. Sempre, à mesma hora, o ritual repetido: debruçar-se à janela, aprumar a vista para a casa de frente, sonhar. Sabia que ela tinha o mesmo desejo e a mesma timidez, talvez o mesmo sonho, por isso, o mesmo ritual. Era a melhor parte das férias. Numa tarde de um junho beirando julho passaram pela rua que nos separava quase 30 fuscas, duas freiras e uma carroça carregando móveis usados, puxada por um cavalo castanho. Meu irmão menor viu e contou. Eu mesmo nada percebera além do debruçamento da menina à minha frente. Apenas para ela tinha olhos. No fim do ano, a casa da janela enfeitada foi alugada. Foi a pior parte das férias. Numa tarde, contei 41 fuscas passando pela rua, a maioria deles branco. Duas freiras voltaram a passar, ambas de óculos. À tardinha, bem lentamente, passou uma carroça de saudades puxada por um cavalo azul.

3 comentários:

ebbrito disse...

Tá muito legal viu seu Xico?????

ebbrito disse...

engraçado, eu tambem tive uma janela e nunca me lembrei de cantá-la assim numa poesia.
é só um poeta tocar no assunto que a gente se transporta e "vai chega vai" pra janela da gente.!!!!!!!!!!

ebbrito disse...

Afinal, todo mundo teve sua janela.
Poesia é saber cantá-la