E João Massa não voltou!
E João Massa não voltou naquela tarde invernosa em que ele saiu encourado para as bandas da fazenda Caboclo, também do Coronel Né Rosendo, vizinha da fazenda João Vieira onde ele era vaqueiro.
A tarde caiu e João Massa não chegou para a luta das vacas paridas no curral! Todos estranharam! O que teria acontecido? João Massa era bom vaqueiro: cumpridor dos seus deveres, honesto, dedicado, trabalhador.
Eis que, no lusco-fusco daquela tarde invernosa, ouviu-se o resfolegar de um cavalo que adentrava o páteo da velha fazenda. Era o cavalo de João Massa com a brida pendurada. A fazenda toda se alvoroçou! Todos foram convocados para uma busca nos altos do caboclo, de mata virgem. Fachos de marmeleiro foram improvisados a escuridão da noite foi aclarada pelos fachos acesos dentro da mata. Lá para as tantas da noite, alguém ouviu o latido de um cachorro, certamente disperto pelo vozeiro e pela luz dos muitos fachos! Lá longe em uma quebrada do Caboclo, acima do velho açude, estava João Massa morto, sem ferimentos, mas morto e com um único conforto: o seu velho e fiel cachorro estava ao seu lado, certamente sem saber o porquê de tudo aquilo!
Puseram o corpo do velho vaqueiro atravessado na sua sela e o levaram para o João Vieira onde houve uma noite de “sentinela” em seu louvor, sendo o mesmo sepultado no dia seguinte no cemitério de Macapá, hoje Jati.
E ainda hoje se fala da morte de João Massa acontecida na década de 1920! E eu, muitas vezes, quando rapazote, selei o meu cavalo e fui visitar a cruz de João Massa na quebrada da fazenda Caboclo, imortalizada como “A cruz de João Massa” de onde hoje, se avista o belo “pano d’água” do grande açude do Caboclo. E haja saudade.
Napoleão Tavares Neves, 17.7.2.11.
(assinado embaixo)
E João Massa não voltou naquela tarde invernosa em que ele saiu encourado para as bandas da fazenda Caboclo, também do Coronel Né Rosendo, vizinha da fazenda João Vieira onde ele era vaqueiro.
A tarde caiu e João Massa não chegou para a luta das vacas paridas no curral! Todos estranharam! O que teria acontecido? João Massa era bom vaqueiro: cumpridor dos seus deveres, honesto, dedicado, trabalhador.
Eis que, no lusco-fusco daquela tarde invernosa, ouviu-se o resfolegar de um cavalo que adentrava o páteo da velha fazenda. Era o cavalo de João Massa com a brida pendurada. A fazenda toda se alvoroçou! Todos foram convocados para uma busca nos altos do caboclo, de mata virgem. Fachos de marmeleiro foram improvisados a escuridão da noite foi aclarada pelos fachos acesos dentro da mata. Lá para as tantas da noite, alguém ouviu o latido de um cachorro, certamente disperto pelo vozeiro e pela luz dos muitos fachos! Lá longe em uma quebrada do Caboclo, acima do velho açude, estava João Massa morto, sem ferimentos, mas morto e com um único conforto: o seu velho e fiel cachorro estava ao seu lado, certamente sem saber o porquê de tudo aquilo!
Puseram o corpo do velho vaqueiro atravessado na sua sela e o levaram para o João Vieira onde houve uma noite de “sentinela” em seu louvor, sendo o mesmo sepultado no dia seguinte no cemitério de Macapá, hoje Jati.
E ainda hoje se fala da morte de João Massa acontecida na década de 1920! E eu, muitas vezes, quando rapazote, selei o meu cavalo e fui visitar a cruz de João Massa na quebrada da fazenda Caboclo, imortalizada como “A cruz de João Massa” de onde hoje, se avista o belo “pano d’água” do grande açude do Caboclo. E haja saudade.
Napoleão Tavares Neves, 17.7.2.11.
(assinado embaixo)
3 comentários:
Este é mais um ensaio épico onde o Napoleão decidiu homenagear os vaqueiros do sertão antigo na pessoa de João Massa que ele nem conheceu.
Aqueles vaqueiros conviviam com a solidão do sertão e para serem competentes na lida com o gado solto eles tinham que ser capazes de diferenciar os hábitos de cada rés solteira, de cada touro e de cada vaca parida. Eles tinham que saber localizar cada vaca que pariu no mato e por isso escondia a sua cria em alguma moita!
Não era fácil a vida desses vaqueiros do sertão nordestino e somente um saudosista como o Napoleão é capaz de nos envolver com o triste caso da morte de João Massa, pois ele conviveu com os vaqueiros do sertão antigo e se considera “um eterno aprendiz de vaqueiro”.
Parabéns Mano pelo maravilhoso comentário a este belo escrito do Napoleão, que sempre nos presenteia no Além do Horizonte com seus causos.
Cacainha.
Eu considero “os causos” contados pelo Napoleão como relatos da verdadeira história da cultura popular nordestina, pois ele é um pesquisador/historiador (e muitas vezes testemunha ocular) e os seus épicos me inspiram e me trazem referências para a vida.
Eu escrevi o comentário logo após uma videoconferência via internet que ministrei na UFSC, no sábado passado das 13:30h as 15:30h, pois naquela atividade eu me senti igual a João Massa! Enquanto ele campeava o gado solto na solidão do vasto sertão (sem cercas!) de outrora, eu também me encontrava sozinho em uma sala ensinando Química para alunos distribuídos em 7 cidades pólos no interior do Estado de Santa Catarina.
Portanto, a tarefa dos vaqueiros nordestinos de outrora era muito mais complicada que a minha de hoje em dia, pois eu disponho de tecnologias para me ajudar e eles não tinham esse apóio ao seu trabalho! Eles somente tinham cachorros que muitas vezes se distraiam do serviço farejando preás!
Eu já estou acostumado com essa tecnologia, desenvolvi abstrações, me sinto à vontade com a modalidade de Ensino a Distância e tenho recebido elogios dos meus alunos, mas nada comparável a atuação dos vaqueiros do nordeste antigo!
Mas, de fato, atuar em uma videoconferência onde a imagem dos alunos fica fechada se parece com a tarefa de um vaqueiro antigo que não via o seu gado solto no sertão, mas ele sabia que o rebanho se encontra em um determinado lugar, em certas horas do dia e assim como João Massa aboiava para se comunicar com o rebanho bovino, eu, simultaneamente, falo e escrevo para me comunicar com os meus alunos e ensinar Química!
Entretanto, em uma videoconferência, com a tecnologia atualmente disponível na UFSC, se tem a sensação de estar falando para as paredes, pois enquanto os alunos me vêem e me ouvem, ao vivo e em tempo quase real,pois existe um delay no tempo de uma videoconferência via internet, a imagem e a voz deles ficam ocultas e eu tenho que me virar com o que tenho disponível! Por isso eu me comporto igual a um vaqueiro nordestino do passado!
Mas eu tenho a vantagem do computador ligado a internet (o meu cachorro virtual em busca de dúvidas dos meus alunos) e isso facilita o meu trabalho, assim como o cachorro Pachá facilitava o trabalho de João Massa.
Na verdade, utilizando essa modalidade de comunicação à distância eu me sinto como um vaqueiro moderno, “os aprendizes de João Massa”, pois hoje eles podem até utilizar GPS para não se perderem no mato, enquanto que eu tenho a internet para facilitar a minha comunicação com os alunos, mas herói mesmo foi João Massa que sem tecnologia ele tinha que ser intuitivo e muito competente para ensinar e saber lidar com o seu rebanho bovino! Ele sabia rastrear o seu gado, sabia localizar uma rés desgarrada e/ou uma vaca parida que se afastou do rebanho para esconder a sua cria em uma moita de Unha de Gato e isso tudo em plena quentura do seco sertão nordestino, enquanto que eu fico em uma confortável sala com ar condicionado, o que facilita a minha concentração!
Você sabe que eu nasci e me criei nesse ambiente do sertão e assim,logo que eu cheguei em casa, naquela tarde do dia 22/10/2011, fui ao Blog AH para referenciar a cruz de João Massa e agradecer ao Napoleão por esse belo ensaio épico sobre a nossa cultura nordestina.
Um abraço.
Marcos, 24/10/2011
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