30 outubro 2011

Fábulas Científicas

A boa vida do Soldadinho-do-Araripe
  Certa vez Maroto, Diura e dois amigos se encontravam na serra e como estavam com sede foram procurar água. Encontraram o Soldadinho-do-Araripe e eles quiseram saber como o Soldadinho conseguia se isolar e sobreviver naquele ambiente sombrio e úmido da serra. O Soldadinho explicou: eu não preciso de muito para sobreviver, apenas de um pouco de sol, gás carbônico, plantas verdes e água para que ocorra a fotossíntese.  A partir desse processo natural eu tenho as árvores, frutos, insetos, água limpa para eu sobreviver e criar a minha família. Maroto e Diura ficaram admirados e interessados na conversa e questionaram novamente: você saberia nos explicar como surge um raio de sol? Bem a explicação não é simples, mas vou tentar simplificar! Vocês já ouviram falar em fusão nuclear e na equação de Einstein? Não! Responderam, em coro, os papagaios.
Pois bem, no interior do sol ocorrem reações de fusão de dois núcleos de Deutério com formação de Hélio e o desprendimento de energia que leva cerca de 8 minutos para chegar até nós, nos aquecer e realizar a fotossíntese. Não é fantástico? Essa energia é que mantém a vida aqui na terra, na Chapada do Araripe onde eu vivo e também no João Vieira e em Pilões de onde vocês vieram. Que cara sabido, disse Diura, mas queremos saber detalhes dessa reação nuclear que lança energia no universo e que chega até nós! Não tem problema, basta vocês acompanharem o processo a seguir:







 Como a massa de cada núcleo de Deutério = 2,0136g x 2 = 4,9272g que comparada com a massa molar de Hélio formado na reação (4,0015g/mol) sobram 0,0257g que é transformada em energia de acordo com a equação de Einstein:
 E = mc2, onde E = a energia liberada na fusão nuclear; m = a massa utilizada e
 c = a velocidade da luz ~ 300.000.000 metros por segundo. Por exemplo, a fusão de poucos cm³ de Deutério produz uma energia equivalente àquela produzida pela queima de 20 toneladas de carvão!
Maroto, que estava gostando da conversa, perguntou ao Soldadinho-do-Araripe: esse tipo de reação que libera energia é a mesma que temos na queima da madeira ou do gás natural? O Soldadinho respondeu que não, pois enquanto no sol massa é transformada em energia pela fusão de dois núcleos de Deutério na combustão do metano (CH4= gás natural), por exemplo, temos uma reação química onde existe a conservação da massa. Então como explicar a liberação de calor na queima do metano, perguntou Diura? O Soldadinho respondeu de imediato: neste caso a energia armazenada nas ligações químicas do produto da reação (2 H2O + CO2) quando comparada com a energia nos reagentes (CH4 + 2 O2) é menor e por isso o excesso é liberado para o ambiente, conforme a seguinte reação, mas note que a massa é conservada no processo:

CH4(gás) + 2 O2(gás) -> 2 H2O(gás) + CO2(gás) + Calor
16 g               64 g =    36 g     44 g

Assim os papagaios agradeceram ao Soldadinho-do-Araripe, pela boa conversa na Chapada do Araripe e o convidaram para visitar o sertão. O convite foi agradecido, porém negado, pois não seria possível um Soldadinho-do-Araripe sobreviver no sertão nordestino.
“Não existe outra ave naturalmente restrita ao Estado do Ceará, além do Soldadinho-do-Araripe. A conservação dos recursos naturais simbolizados por este pássaro é um desafio local e global que envolve desde a população do Cariri cearense até entidades internacionais. Até 1998 este pássaro era ignorado pela ciência e pela maioria da população. Pouco habitantes das encostas da Chapada do Araripe o conheciam, o que refletiu na utilização de diversos nomes vulgares como: lavadeira-da-mata, galo-da-mata, cabeça-vermelha-da-mata, etc., estando entre as 190 aves classificadas como criticamente em perigo de desaparecer no mundo, das quais 22 vivem no Brasil.” (Fonte: ICMBIO- Instituto Chico Mendes, MMA).
Marcos, 02/08/2011

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