MARISOL DOS SONHOS JUVENIS
Eu sabia que não era verdade, que era apenas pabulagem. Ele mentia para me fazer inveja, só porque morava na capital e eu era um menino besta do interior. Chatice de menino chato. Tinha certeza que ele não vira, mesmo morando na capital, o último filme de Marisol, em que ela volta de Madri pra sua aldeia natal. Curioso, perguntei-lhe como ela fizera a viagem, se de avião ou de ônibus. Ele baixou os olhos e num tom de voz quase inaudível, próprio dos inimigos da verdade, respondeu-me que fora de avião. Desconversou, mudou de assunto e fomos jogar bola. Quando o filme passou no Crato, encantei-me com a volta de Marisol pra sua cidade. Embelezando o já naturalmente belo, suas madeixas amarelas e um vestidinho da mesma cor. O mar estava lindo, combinando com Marisol. Ela não enjoou na viagem e cantava como nunca.
Xico Bizerra
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