UM BEATO PERFUMADO
Os beatos que conheci na década de cinquenta do século passado em Juazeiro, não tinham nada de perfumados. Eram homens magros, barbados, maus vestidos e fedorentos; se fossem beatas, não se distanciavam muito dessas características.
Lembro-me das pregações desventuradas do Beato José e de sua ojeriza a homens efeminados; quando os encontrava, vociferava: ¨Homem rapariga, você está no inferno.
Existiam outros que não me recordo dos nomes.
Da ala feminina só consegui lembrar da beata Júlia, que cuidava do urubu rei , remanescente dos viveiros de Padre Cícero.
Porém, nas primeiras décadas do século, habitou em Juazeiro um beato, que apesar de analfabeto exerceu sobre a comunidade, mais conhecida como Caldeirão, uma liderança sem precedentes na região: Joaé Lourenço. Essa liderança começou a surgir quando o Padre Cícero alugou um terreno de João de Brito, irmão de meu avô paterno, no município de Crato,
O sítio Baixa Danta estava semi-abandonado quando o negócio foi fechado. O beato mudou-se para lá e começou a fomentá-lo para receber romeiros ¨flagelados¨ que chegavam a Juazeiro de toda parte do Nordeste. Bastou dois anos para o Beato transformar o sítio numa verdadeira ¨terra prometida¨.
Segundo meu avô Britinho (Manoel Veira de Brito) o beato era um homem prático, de boa aparência, de conversa fluente e sociável. Conecia e visitava os ricos da época e também os recebia na sua comunidade. Quando algum deles se deparava com um problema agrícola ou agropecuário, já sabia onde ir buscar a solução.
Disse-me também, que quando o Beato estava na comunidade e sem visitas, vestia-se igual aos comuns e não encontrava rival no trabalho pesado; porém quando ía a cidade, ele mudava de figura: usava terno bem talhado, botas polidas, chapéu e muita água de cheiro. E, quando montado em seu cavalo ¨Trancelim¨, se aproximava, sentia-se logo o aroma de perfume importado.
José Ronald Brito
24 janeiro 2011
UM BEATO PERFUMADO
Os beatos que conheci na década de cinquenta do século passado em Juazeiro, não tinham nada de perfumados. Eram homens magros, barbados, maus vestidos e fedorentos; se fossem beatas, não se distanciavam muito dessas características.
Lembro-me das pregações desventuradas do Beato José e de sua ojeriza a homens efeminados; quando os encontrava, vociferava: ¨Homem rapariga, você está no inferno.
Existiam outros que não me recordo dos nomes.
Da ala feminina só consegui lembrar da beata Júlia, que cuidava do urubu rei , remanescente dos viveiros de Padre Cícero.
Porém, nas primeiras décadas do século, habitou em Juazeiro um beato, que apesar de analfabeto exerceu sobre a comunidade, mais conhecida como Caldeirão, uma liderança sem precedentes na região: Joaé Lourenço. Essa liderança começou a surgir quando o Padre Cícero alugou um terreno de João de Brito, irmão de meu avô paterno, no município de Crato,
O sítio Baixa Danta estava semi-abandonado quando o negócio foi fechado. O beato mudou-se para lá e começou a fomentá-lo para receber romeiros ¨flagelados¨ que chegavam a Juazeiro de toda parte do Nordeste. Bastou dois anos para o Beato transformar o sítio numa verdadeira ¨terra prometida¨.
Segundo meu avô Britinho (Manoel Veira de Brito) o beato era um homem prático, de boa aparência, de conversa fluente e sociável. Conecia e visitava os ricos da época e também os recebia na sua comunidade. Quando algum deles se deparava com um problema agrícola ou agropecuário, já sabia onde ir buscar a solução.
Disse-me também, que quando o Beato estava na comunidade e sem visitas, vestia-se igual aos comuns e não encontrava rival no trabalho pesado; porém quando ía a cidade, ele mudava de figura: usava terno bem talhado, botas polidas, chapéu e muita água de cheiro. E, quando montado em seu cavalo ¨Trancelim¨, se aproximava, sentia-se logo o aroma de perfume importado.
José Ronald Brito
Os beatos que conheci na década de cinquenta do século passado em Juazeiro, não tinham nada de perfumados. Eram homens magros, barbados, maus vestidos e fedorentos; se fossem beatas, não se distanciavam muito dessas características.
Lembro-me das pregações desventuradas do Beato José e de sua ojeriza a homens efeminados; quando os encontrava, vociferava: ¨Homem rapariga, você está no inferno.
Existiam outros que não me recordo dos nomes.
Da ala feminina só consegui lembrar da beata Júlia, que cuidava do urubu rei , remanescente dos viveiros de Padre Cícero.
Porém, nas primeiras décadas do século, habitou em Juazeiro um beato, que apesar de analfabeto exerceu sobre a comunidade, mais conhecida como Caldeirão, uma liderança sem precedentes na região: Joaé Lourenço. Essa liderança começou a surgir quando o Padre Cícero alugou um terreno de João de Brito, irmão de meu avô paterno, no município de Crato,
O sítio Baixa Danta estava semi-abandonado quando o negócio foi fechado. O beato mudou-se para lá e começou a fomentá-lo para receber romeiros ¨flagelados¨ que chegavam a Juazeiro de toda parte do Nordeste. Bastou dois anos para o Beato transformar o sítio numa verdadeira ¨terra prometida¨.
Segundo meu avô Britinho (Manoel Veira de Brito) o beato era um homem prático, de boa aparência, de conversa fluente e sociável. Conecia e visitava os ricos da época e também os recebia na sua comunidade. Quando algum deles se deparava com um problema agrícola ou agropecuário, já sabia onde ir buscar a solução.
Disse-me também, que quando o Beato estava na comunidade e sem visitas, vestia-se igual aos comuns e não encontrava rival no trabalho pesado; porém quando ía a cidade, ele mudava de figura: usava terno bem talhado, botas polidas, chapéu e muita água de cheiro. E, quando montado em seu cavalo ¨Trancelim¨, se aproximava, sentia-se logo o aroma de perfume importado.
José Ronald Brito
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